ELO – A Nova Bandeira de Cartões
- Daniel Meinberg
- 28 de abr. de 2010
- 3 min de leitura
(publicado originalmente em http://blogdodaniel.xpg.uol.com.br/0017.html)
Boa noite, pessoal.
Hoje às 18h o Bradesco divulgou a proposta de criação de nova bandeira de cartões, a ELO, a partir de holding também a ser criada entre Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3).
A holding tem por objetivo gerir as participações do Bradesco e do Banco do Brasil nos negócios que esses bancos já têm em comum (ações na Cielo e na Visa Vale) e gerir a nova bandeira brasileira (Elo). Desta forma, pretende-se aproveitar as sinergias complementares dos bancos, e desenvolver novos negócios conjuntos. As duas instituições já trabalham na construção desta grande plataforma de meios de pagamentos. O Bradesco contará com 50,01% de participação, e o Banco do Brasil participará com 49,99%. Suas unidades de negócio, a princípio, serão:
- Elo Banco
- Elo Promotora
- Elo Vale
- Cielo
A nova bandeira tem como objetivo primeiro atender a segmentos da sociedade que não estão integrados às redes de cartões existentes. Naturalmente, há alguma canibalização dos negócios existentes, mas os bancos estão desenvolvendo estratégias para que isto ocorra apenas marginalmente. A princípio, não haverá necessidade de que o titular do cartão seja correntista de nenhuma das instituições. Pretende também ampliar e fortalecer operações com varejistas. Foi ressaltado que será uma marca simples, prática e brasileira.
Os representantes do Bradesco enfatizaram na teleconferência a importância do fortalecimento da rede de captura de transações, permitindo a criação desta marca para cartões de créditos, débitos, vales e private label. Para tanto, estudam parcerias com a Cielo para rápida expansão da rede.
Algumas metas apresentadas para a nova empresa:
- Atingir 15% de market share em 5 anos
- Alavancar sinergias que podem chegar a R$ 1 bilhão em também 5 anos
- Viabilizar trocas societárias e negócios que podem superar R$ 15 bilhões
- Construir identidade forte e singular, com oferta de serviços completa e diversificada
Vale ressalvar que todas estas pontuações dependem de aprovações dos acionistas do Bradesco e do Banco do Brasil.
A força das organizações envolvidas é um fator importante que possibilita o sucesso da estratégia. Entretanto, ao ver o pequeno desbalanceamento das participações dos bancos, veio em mente a história de outra holding brasileira, da década de 80: a Autolatina.
A Autolatina foi criada para aproveitar as sinergias existentes entre Volkswagen e Ford no Brasil. A Volkswagen detinha 51% de participação, enquanto a Ford detinha os outros 49%. Anos depois, depois de muita reclamação da matriz da Ford nos EUA, o acordo foi desfeito. Verificou-se, então, que a participação de mercado da Volkswagen havia crescido muito (maior montadora das 4 grandes instaladas à época) e a da Ford minguado significativamente (quarta montadora, atrás ainda de GM e Fiat).
É fundamental que os gestores e acionistas do Banco do Brasil estejam atentos pois hoje, momento do anúncio, são “apenas” dois dentre os maiores bancos do país: o maior banco público e o 2° maior banco privado. Sem contar que o lucro do Banco do Brasil em 2009 foi um recorde impressionante.
Com esta ressalva, acredito que seja um bom negócio para as duas partes, e bom até para aCielo (CIEL3). Quem deve mais sair perdendo com isso é a Redecard (RDCD3). Como a Redecard não é boba nem nada, aguardemos os próximos movimentos no tabuleiro deste jogo de xadrez.
Abraços, boa quarta-feira a todos.
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