Última de Carteiras Recomendadas
- Daniel Meinberg
- 4 de mai. de 2010
- 4 min de leitura
(publicado originalmente em http://blogdodaniel.xpg.uol.com.br/0022.html)
Boa noite, pessoal.
Acredito que não tenho muito mais a falar a respeito do desempenho das carteiras que as corretoras e agentes tem recomendado. Qualquer um pode fazer o mesmo trabalho que eu vinha fazendo. A receita é simples, e parte de três hipóteses:
Hipótese 1 – Se a corretora definir a estratégia de entrada e saída dos papeis, segue-se a estratégia. Nunca vi carteira recomendada com estratégia definida, no entanto.
Hipótese 2 – Mercado aberto no momento que recebe a carteira: coleta-se as cotações dos ativos que estão saindo e que estão entrando na carteira no primeiro call (leilão) de fechamento ou, caso não seja negociado no call, a cotação do primeiro negócio subsequente.
Hipótese 3 – Mercado fechado no momento que recebe a carteira: coleta-se as cotações dos ativos que estão saindo e que estão entrando na carteira no leilão de abertura ou, caso não seja negociado no leilão, a cotação do primeiro negócio subsequente.
Simples, sem burocracia. Você perceberá que as carteiras são lastimáveis, e que sofrem para competir com o IBOV, ainda que descontando corretagens e emolumentos, que são cobrados, mas não tive como precificar para vocês em nenhuma das apresentações, pois são funções de corretora (cada uma pratica um valor) e dos volumes transacionados.
Eu poderia continuar com este trabalho, não fossem duas coisas que aconteceram na semana passada, que me fizeram ver que não vou conseguir mudar nada sozinho.
A primeira foi verificar o péssimo desempenho dos clubes de investimentos. Vocês podem conferir na publicação de 30/04 que a situação está terrível, e com dinheiro de investidores envolvido. As carteiras recomendadas não pressupõem envolvimento necessário de dinheiro de clientes: o cliente pode simplesmente ignorar. Mas os clubes de investimentos estão jogando – e perdendo – dinheiro de investidores. Nos próximos dias vou tentar mostrar como isso pode estar acontecendo, partindo de um administrador que aja de má fé.
A segunda foi um telefonema de uma corretora que recebi, em razão de mensagens que eu disparei para a corretora, permitindo-lhe justificar o mau desempenho. Toda vez que eu analisava, disparava mensagens para as corretoras que tiveram destaques positivos ou negativos, informando que estava publicando, e permitindo resposta. Pois é. Por telefone, uma corretora que não havia sido bem avaliada colocou de forma bastante clara que eu não estava autorizado a citar o nome da corretora nas avaliações das carteiras. Argumentaram que eu não era cliente, e que não estava recebendo as mensagens diretamente dela.
A pessoa foi muito educada, muito cordial, mas não apresentou nenhuma justificativa para o desempenho lastimável das análises de sua equipe. Apenas me desautorizou a citar a corretora, e fim de papo. Não adiantou tentar argumentar, inclusive que acreditava que eles tinham uma estratégia e que poderiam apresentar, inclusive apontando onde falhou, especialmente porque a equipe é composta por pessoas, e não por magos ou adivinhos.
Saliento que as fontes de informações que utilizo são de amplo domínio, como o site doInfomoney, ou Twitter do Último Instante, de corretoras, etc. São informações que estão disponíveis a todos, de fácil acesso. Hoje mesmo estão sendo divulgadas diversas carteiras, de diversas corretoras. Observo também que não desejo prejudicar A ou B com minhas avaliações. O que espero é um mercado mais maduro, mais sério, que passe a tratar os investidores com respeito e responsabilidade.
Não vou ficar brigando com corretora, o que talvez culminaria em um processo judicial. Ficam algumas perguntas às corretoras em geral:
1 – se é sabido que Bolsa de Valores é investimento bom em longo prazo, porque alterar as recomendações com tanta freqüência? Algumas corretoras trocam todos os ativos praticamente toda semana!
2 – porque não apresentar proposta de entrada e saída dos papeis?
3 – se não são capazes de definir como comprar e como vender, porque não informar pelo menos possíveis pontos de entrada, de saída e stops?
4 – o que se pretende ao indicar papeis de pouca liquidez, ainda mais em carteira semanal?
Vale lembrar que há corretoras que aparentemente acreditam no que estão recomendando. Por exemplo, o Credit Suisse dias atrás recomendou compra de OGXP3. No dia seguinte, liderou o book de vendas de PETR4 e o book de compras de OGXP3. Se foi algo isolado eu não sei. Mas demonstrou coerência naquele momento com o que sugerem ao mercado.
De minha parte, esta questão será encaminhada à CVM, apresentando todas as fontes de informações de tudo o que publiquei desde o mês passado, pedindo investigação se está havendo tentativa de manipulação de mercado através da recomendação de carteiras. Naturalmente, citarei nome da pessoa que ligou (com o qual se identificou), telefone de origem da ligação, data, horário, duração e teor da conversa. E não analiso mais carteiras recomendadas pontualmente, pelo menos enquanto o cenário for este.
Não acredito, infelizmente, que teremos resultado algum deste meu pedido. Mas urge que os órgãos reguladores passem a acompanhar mais de perto as atitudes das empresas que fazem a intermediação entre os investidores e a Bovespa. Caso contrário, vai se tornar “terra de ninguém”.
Abraços, boa terça-feira a todos.
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