Endividamento e Independência Financeira
- Daniel Meinberg
- 27 de mai. de 2010
- 3 min de leitura
(publicado originalmente em http://blogdodaniel.xpg.uol.com.br/0046.html)
Boa noite, pessoal.
Pesquisa divulgada recentemente trouxe números alarmantes em relação ao endividamento do brasileiro, especialmente das classes mais baixas:
- Mais de 25 milhões de brasileiros possuem dívidas superiores a R$ 5.000,00, o que representa aumento de aproximadamente 40% em relação a um ano antes;
- Aproximadamente 20% dos brasileiros com idade acima de 16 anos estão endividados em mais de 4 vezes a renda média nacional;
- Em média, 30% dos orçamentos familiares estão comprometidos com dívidas. Se isto é a média, é natural imaginar que temos comprometimentos bem superiores;
- Outros 26% são destinados à alimentação, ou seja, complicado de reduzir sem perda substancial de qualidade, e até ameaça à saúde;
- 11% afirmam não ter como honrar seus compromissos;
- Aumento da taxa de juros deve agravar o problema!
Outro grave problema verificado é que o cidadão médio confunde endividamento com inadimplência: se ele está conseguindo pagar os carnezinhos das Casas Bahia e do Baú da Felicidade RIGOROSAMENTE EM DIA ele não entende estar endividado.
Reflexo natural da retomada do crédito, e do ligeiro aumento da capacidade de pagamento, os números preocupam, especialmente porque este alto endividamento não foi precedido – em geral – por qualquer planejamento, e em boa parte sequer há geração de receita suficiente para pagar a dívida. Contribui para este quadro a campanha da mídia, e do próprio governo, que temos plena capacidade de adquirir eletrodomésticos, eletrônicos, automóveis, etc.
Tenho ciência de caso de uma pessoa cuja renda é de um salário mínimo que conseguiu financiar – sem planejamento – um carro zero quilômetro. Só me resta rezar por ela. Como não deve ser caso isolado, é fácil perceber que podemos estar criando uma bolha que culminará em um calote coletivo por total falta de capacidade de adimplência, especialmente porque nossos juros são muito altos (afinal, o risco para quem empresta neste cenário é elevadíssimo também), e que as pessoas que estão embarcando nesta farra poderão ter sérios problemas em futuro não muito distante.
Claro que este consumo tem também aspectos positivos, como o aquecimento da economia. Aliás, foi graças ao consumo interno que o Brasil sofreu menor impacto da crise do que EUA e Europa, por exemplo. Mas é necessário chamar à reflexão sobre as possíveis consequênciasdesta situação.
A falta de educação financeira do brasileiro médio é responsável direta por este consumismo desenfreado. Se nada for feito, as famílias jamais conquistarão sua independência financeira, e muitos continuarão a sofrer diuturnamente para arcar com despesas desnecessárias. Quantos são verdadeiros escravos de empregos, com chefes carrascos, e não tem alternativa porque decidiram trocar o carro 2009 que ainda o atendia perfeitamente em suas necessidades de locomoção por um carro zero? Se não foi o carro, foi outro carnê, outro boleto, outro financiamento, outra dívida desnecessária. Se esta é sua situação, e está incomodado por ela, convido-o à reflexão e a discutir mecanismos de superar esta adversidade. Para tanto, são necessárias mudanças de concepção: ganhar e poupar antes de gastar, por exemplo. Livrar-se das dívidas. Adequar seu orçamento. Comprar à vista, fugindo dos juros, das taxas e ainda conseguindo desconto!
A seguir, uma compilação das principais dicas de especialistas brasileiros, britânicos e norte-americanos para se livrar das dívidas e começar sua escalada rumo à independência financeira:
- Anote todos os seus gastos e avalie para onde vai o dinheiro;
- Reduza (se a situação estiver crítica, elimine) seus gastos supérfluos;
- Fuja do pagamento mínimo do cartão de crédito: os juros são absurdamente altos;
- Fuja também do cheque especial, que também tem juros muito altos;
- Tenha em mente que pagar juros é jogar dinheiro fora;
- Planeje todos os gastos, principalmente os maiores;
- Compare preços antes de comprar, especialmente produtos de maior valor ou que são comprados frequentemente, como itens em supermercado;
- Todo mundo pode poupar, ainda que pouco;
- Quanto maior sua capacidade de poupar, mais chances de ter um futuro tranqüilo, e;
- Planeje sua aposentadoria.
Trate bem o seu dinheiro, pois ele certamente te agradecerá e recompensará por isto.
Abraços, bom fim de semana a todos.
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