O Efeito Copa do Mundo no Brasil
- Daniel Meinberg
- 15 de jun. de 2010
- 3 min de leitura
(publicado originalmente em http://blogdodaniel.xpg.uol.com.br/0095.html)
Boa noite, pessoal.
O texto de hoje vai “chover no molhado” para muita gente. Mas acredito que é importante não fugirmos do debate.
Na semana passada, ao publicar o alerta sobre risco de manipulação durante os jogos do Brasil na Copa, recebi alguns apoios e outras críticas. O principal mote das críticas centra-se que o país não pode parar por causa de futebol. OK, mas para. Vamos ser realistas! Não adianta achar um absurdo, e lutar contra o mercado.
Ignorar que o país passa um mês (ou mais) orbitando em torno de futebol há cada 4 anos é fugir à realidade que vivemos. Haja vista o que está acontecendo com o noticiário, a publicidade nas diversas mídias, etc. Seria o mesmo que ignorar a importância das festas de São João (24 de junho) no Nordeste (tente conseguir quorum no Congresso entre 23 e 25 de junho de qualquer ano para ver o que acontece...), ou o impacto das eleições. Não tivesse a relevância que tem vocês acham que a Rede Globo, a Band, o SporTV, a Band Sports e a ESPN – todas – estariam transmitindo ao vivo Argélia x Eslovênia, por exemplo? Todas essas, e mais algumas, estão transmitindo todos os jogos ao vivo, independente do horário. Algumas ainda transmitem VT na íntegra. Quanto custa este espaço (tempo) nesses canais? Você acha que isso é algo que acontece com um fato socialmente irrelevante?
É claro que não são todos os brasileiros que se envolvem com futebol, com Copa do Mundo, Olimpíadas, São João, eleições, Natal, Réveillon, Carnaval, Semana Santa, etc. Mas, em todas as ocasiões, o percentual das pessoas que se envolve é muito significativo e, exceto São João e Olimpíadas, afetam o comportamento do mercado. As demais são tão significativas que aBVM&F nem abre. Aos que não sabem, Carnaval não é feriado. Talvez em Salvador, no Rio, ou outra cidade seja. Mas feriado nacional não é. Mas quem arriscaria ir contra tal realidade? É mercado fechado na segunda e terça, sem discussão.
Enfim, é uma coisa que não vejo como mudar, pelo menos em curto prazo. Temos que aprender a conviver e administrar isso. E, neste aprendizado, reforço o que coloquei na mensagem da semana passada: muito cuidado com as operações neste período, especialmente nos dias (e ainda mais especialmente durante) de jogos do Brasil. Claro que não dá para pensar em fechar o mercado durante toda a Copa, ou durante todas as Olimpíadas. Mas horário diferenciado, como o que os bancos praticarão, seria algo bem razoável.
Particularmente, eu não vou operar nos dias de jogos do Brasil. Isto é algo coerente com minha estratégia de operar em bolsa de valores. Mas vou deixar ordem de venda em valor absurdamente alto. Por absurdamente alto imagine algo que estatisticamente é possível acontecer, mas com probabilidade ínfima. Afinal, se tiver um movimento especulativo de valorização absurda, minhas posições serão desmontadas, e certamente após o retorno à normalidade conseguirei recomprar, realizando lucro significativo. São ordens para não ser executadas mesmo, mas para não deixar passar eventual oportunidade maluca.
Ressalto ainda que acredito ser mais provável que os movimentos especulativos sejam jogando as cotações para baixo (maior volume de stops) do que para cima. Se estiver pensando em entrar em algum papel, talvez seja a hora de colocar uma ordem de compra muito abaixo do razoável também. Ordem tipo comprando VALE5 a R$ 35,00. Muito improvável, não dá para contar com isso para comprar o leitinho das crianças, mas vai que executa a ordem: ficarás feliz mesmo se a Coreia do Norte tiver goleado o Brasil!
Alerto também que tentar especular seguindo os “tubas” vai ser especialmente perigoso: lembre-se que os robôs operam em alta freqüência com tempo de reação da ordem de 1 ou 2 milissegundos. Por mais rápido que você seja, não conseguirá receber informação na sua tela, compreender o que vê e clicar (suponhamos que toda a parte de digitação da ordem já estivesse pronta aguardando algo acontecer para dispará-la) em menos de 1 segundo: os robôs são mais de 1.000 vezes mais rápido que você, e 1.000 vezes não é figura de linguagem neste caso...
Resumindo, curta a Copa, se gosta de Copa. Mas não deixe que a Bovespa acabe com sua comemoração.
Abraços, boa terça-feira a todos.
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