Não só mais endividados, endividados por mais tempo…
- Daniel Meinberg
- 2 de abr. de 2014
- 2 min de leitura
(publicado originalmente em http://educandoseubolso.blog.br/2014/03/31/nao-so-mais-endividados-endividados-por-mais-tempo/)
Segundo recente pesquisa sobre o endividamento e a inadimplência do consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias endividadas gira em torno de 62,7%.
Já a Serasa Experian realizou pesquisa que apontou que a reincidência de caloteiros em 2013 foi de 36,6%, ou seja, mais de um terço das pessoas que atrasaram contas em 2012 voltaram a atrasar pagamentos em 2013. Se serve de consolo, este número é melhor do que os verificados nos anos anteriores.
São dados preocupantes, apesar de que você pode não estar achando novidade, afinal, quase todo mundo sabe que a maioria dos brasileiros vive endividada. Se os números apontados são médios, significa que se temos pessoas que não estão endividadas, é bem provável que outras estão enforcadas…
E não é só isto: o tempo médio da dívida continua aumentando. Agora, em média, temos o povo endividado por quase 7 meses (6 meses e 27 dias), sendo que mais de 30% das famílias possuem dívidas que se arrastarão mais de um ano! Ainda que estejamos em um país no qual o desemprego formal está baixo, a estatística pode estar boa para a economia mas é preocupante pontualmente para quem está desempregado.
Devemos lembrar que para o arrimo de família que perde o emprego ao longo do período em que está endividado torna-se substancialmente perigosa a fronteira entre o endividamento e a inadimplência. Perder o emprego nos próximos 3 meses pode ser algo improvável para alguns, mas será que podemos dizer que continua sendo tão improvável quando falamos de prazos mais longos? Eu acho que não: quanto mais distante o futuro, mais imprevisível ele é.
Para piorar, o brasileiro em geral não tem o hábito de comparar taxas de juros, ou mesmo verifica-las no momento de se endividar: ele está preocupado é se a prestação vai “caber no bolso”. Pode até caber enquanto as receitas e as despesas estiverem “comportadas”. Mas e se ele perde o emprego? E se surge um imprevisto urgente? Enfim, e se, surge qualquer problema que reduza as receitas ou aumente as despesas de modo que as dívidas estourem o orçamento?
Endividar-se raramente é algo positivo. Há exceções, mas a dívida comum é ruim, mesmo de curto prazo. O que dizer, então, das dívidas mais longas, especialmente quando não estamos atentos à busca das melhores taxas: não é comum um brasileiro comparar taxas de juros quando contrata uma dívida. Imagine você pagando parcelas de uma dívida mais cara – porque não comparou os juros – por looooongo tempo…
Até a próxima.
(Publicado também em http://vocemaisrico.com/2014/03/31/nao-mais-endividados-endividados-por-mais-tempo/)
Posts recentes
Ver tudoHoje é dia de "pegar o elevador" para alugar melhor, mais rápido e mais tranquilamente seu imóvel residencial: testamos o app...
Você prefere ler um livro físico ou um digital? Para os que ainda não experimentaram, e para os que preferem o livro digital, espero que...
Ontem escrevi para o Educando seu Bolso algo relacionado à minha impressão de comprar um imóvel da Caixa, o que fiz no final do ano...